Nesse período de pandemia causado pelo Coronavírus, muito tem se falado que as pessoas não serão as mesmas após o isolamento social. Aqui no Brasil, já faz quase 2 meses que estamos em quarentena e o desejo é um só, que tudo isso passe para voltarmos as nossas vidas reais, como era antes. Muitos querem voltar a trabalhar, outros querem curtir uma festa ou sair com amigos, outros desejam viajar, há quem queira matar as saudades da família ou namorado, enfim... Cada um tem o desejo de matar as saudades de algo que não está podendo ter, viver, fazer nesse momento, mas será que é com isso que realmente devemos nos preocupar agora?
Em alguns países onde o Coronavírus começou há mais tempo a situação está melhorando aos poucos, como é o caso da China, alguns países da Europa, Nova Zelândia, etc, mas vocês acreditam que muitas dessas pessoas parecem não "terem aprendido" nada com tudo isso que ainda vivemos? Pois é, em algumas cidades onde já é possível andar nas ruas, com algumas restrições, as pessoas passaram a se comportar da mesma forma de antes, como se as milhares de pessoas que foram vítimas do Covid-19 não passassem de um pesadelo do qual já acordamos.
(Como o foco desse post é mostrar como seria o futuro da moda pós Coronavírus, vou me limitar nos questionamentos e posicionamentos que tenho sobre esse assunto ao que realmente interessa, caso contrário irei me estender demais.)
Em países como a China e a França, onde houve um afrouxamento no isolamento social, o comercio voltou a operar, de forma limitada e com restrições, mas mesmo assim os consumidores lotaram lojas de marcas de luxo, como a Hermès, e de fast fashion, como a Zara.
Na China, no primeiro dia que a Hermès voltou a funcionar, a marca atingiu seu recorde de vendas no país, foram quase 3 milhões de dólares, isso após as pessoas ficarem meses em casa, sem poder sair, e mesmo a grife vendendo online durante esse período. Na França não foi diferente, centenas de pessoas lotaram as lojas Zara pelo país, e o mais interessante de tudo: por qual motivo?
Como falei anteriormente, as lojas estavam com seu e-commerce funcionando normalmente, então porque as pessoas que se arriscaram em sair de casa para ir as lojas não fizeram suas compras na segurança de suas casas? Pelo visto não era algo necessário, tendo em vista que não temos para onde ir, pois tão cedo não vai ter festa, os bares e casas de shows não irão funcionar, os espaços públicos estão sendo liberados, mas com muitas restrições... Tudo isso me leva a seguinte conclusão, as pessoas já estavam doentes antes do Coronavírus, mas após o isolamento social elas ficaram ainda mais.
Para que vocês entendam meu pensamento, vou falar um pouco sobre mim e minha forma de consumo. Eu amo moda, amo roupinhas novas, amo um #lookdodia, porém não gosto de comprar online. Eu amo a experiência de compra em loja, então, nessa quarentena, não comprei um par de meias novos, mas também não tem quem faça eu sair de casa nessa atual condição para comprar algo do que não preciso. Meu guarda roupas está cheio de peças que ainda nem usei, e nesse período cheguei a conclusão de que não preciso disso tudo. Mais de 20 pares de sapatos, mais de 15 calças, perdi as contas de quantas blusinhas tenho, isso em falar nos itens que jamais utilizarei aqui no Ceará, como um casaco de tricô.
Há algum tempo já estava reformulando minha forma de consumir moda, pois esse mercado que movimenta bilhões por ano, também está envolvido em polêmicas que não devemos apoiar, como trabalho escravo, a poluição ao meio ambiente, a predação animal, etc, e nesse período de isolamento social pude perceber que realmente consumimos não pelo fato de precisarmos, mas por outros motivos que, infelizmente, não é consumindo que vamos resolve-los.
Pessoas que sofrem de alguns "problemas psicológicos" (não sei se essa seria a forma certa de classificar a ansiedade, a baixa auto estima, dentre outros distúrbios), tendem a buscar se sentir melhor fazendo compras, por isso o consumo exagerado no mercado da moda, porém essa "válvula de escape" é passageira, logo essa pessoa vai precisar comprar de novo para se sentir melhor, estando presa num ciclo que nunca irá se encerrar. Por isso que o auto conhecimento é importante, pois só assim poderemos tratar uma doença da forma correta.
Durante o isolamento social, muito se acreditava que as pessoas iriam mudar, fosse na forma de consumir, de aproveitar seu tempo, de amar o próximo, porém tudo está nos levando a uma resposta contrária. Talvez isso se deva ao fato de as pessoas não terem usado esse tempo de quarentena para refletir sobre sua própria vida, muitos ficaram atentos as notícias ruins do que estava acontecendo no mundo, gerando assim mais conflitos internos. e agravando ainda mais situações das quais já não nos faziam bem.
Nesse momento, mais do que nunca, devemos nos conhecer, saber quem somos, qual nosso propósito de vida nessa vida, furar a nossa própria bolha é essencial, pois só assim poderemos seguir em frente e reconstruir tudo que perdemos, mas o que não podemos acreditar é que seremos os mesmos, que vamos voltar ao que era antes, que vamos continuar de onde paramos. Precisamos "resetar", precisamos recarregar nossa bateria e seguir em frente, senão vamos continuar sempre presos na mesma fase desse jogo e nunca evoluir.